Nos tempos
que correm em que a estupidez grassa pela sociedade e é uma característica comum
a muitos que nos fazem a vida negra, é oportuno recordar um historiador
internacionalmente conhecido que se dedicou à história económica: Carlo M
Cipolla.
No seu
livro “Allegro, ma non troppo”, ele
afirma, com algum humor, que todos os seres sofrem, ao longo da sua vida, de
doses elevadas de adversidades, frustrações e penas, causadas por outros seres
que com eles convivem. Esses seres não estão organizados em grupos, existem por
aí e são simplesmente estúpidos. Foi a partir desta premissa que Cipolla
definiu as Leis Fundamentais da Estupidez.
1ª Lei: “Sempre
e inevitavelmente cada um de nós subavalia o número de indivíduos estúpidos em
circulação”.
Segundo
Cipolla a frase “os homens nascem livres e iguais em direitos” está errada,
porque há seres estúpidos e outros que não o são, e distribuem-se, igualmente,
por todas as classes sociais, por burgueses, proletários, ricos, pobres,
ignorantes ou cultos e não há mais estúpidos em Portugal do que nos Estados
Unidos. Igualmente a estupidez existe em igual proporção, tanto, por exemplo,
nos contínuos da Universidade como nos professores catedráticos. Este
pensamento permitiu a Cipolla elaborar a:
2ª Lei: “A probabilidade
de que certa pessoa seja estúpida é independente de qualquer outra característica
da mesma pessoa”.
Carlo
Cipolla, conforme o comportamento humano divide as pessoas em quatro
categorias:
1-O independente,
aquele que, na relação com os outros, lhes oferece um ganho ao mesmo tempo que
provoca uma perda para si próprio.
2-O
bandido, aquele que provoca um ganho para si igual à perda que provoca nos
outros.
3-O
inteligente, aquele que obtém uma vantagem para si e igual vantagem para os
outros.
4-O estúpido,
aquele que causa danos aos outros e danos a si próprio.
Compreender
os três primeiros não é difícil, mas entender os estúpidos é tarefa algo
surreal e impossível. Daqui deriva a:
3ª Lei: "Uma
pessoa estúpida é uma pessoa que causa dano a uma outra pessoa ou grupo de
pessoas, sem em contrapartida realizar alguma vantagem para si própria, ou,
inclusivamente, sofrendo uma perda”.
O estranho
é que o imprudente, o bandido ou o
inteligente, não conseguem reconhecer o poder devastador da estupidez humana. O
comportamento dos estúpidos torna imprevisível o desenrolar das acções com a
consequente perca e sacrifício dos outros.
Assim,
vejamos a:
4ª Lei: “As
pessoas não estúpidas subavaliam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas.
Em particular os não estúpidos esquecem que em qualquer momento e lugar, e em
qualquer circunstância, pactuar ou associar-se com indivíduos estúpidos acaba
por significar um erro com custos elevadíssimos”.
A última
Lei deriva desta:
5ª Lei: “O
estúpido é a pessoa mais perigosa que existe”.
Sendo
assim, o estúpido é mais perigoso que o bandido. O bandido obtém ganhos na
exacta proporção das perdas que causa aos outros, e o estúpido não obtendo
qualquer ganho ainda provoca perdas aos outros. Os estúpidos são portanto um
enorme perigo para a civilização e se adquirirem preponderância na sociedade
irão, a prazo, provocar a sua decadência.
O maior
problema reside no poder político. Os estúpidos também sonham em alcandorar-se
aos mais altos cargos das chefias políticas. Da primeira Lei deriva que, entre
os nossos governantes, os parlamentares, os autarcas, os militares, os bispos,
etc. existe a respectiva quota parte de estúpidos. Ocupando estes lugares,
passam a ter uma capacidade infinitamente maior de influenciar, prejudicando
todos os outros.
Chegando a
esta conclusão Cipolla pergunta: “Como é que tanta gente estúpida consegue
lugares de poder?”. Através de eleições, claro. Os estúpidos têm aí a
oportunidade única de votando estupidamente, perpectuar o seu grupo no poder.
Tudo isto
dá que pensar. É divertida a teoria? É, mas talvez não seja de todo errada.
(foto acima de Carlo Cipolla)
(foto acima de Carlo Cipolla)
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