quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

TEORIA GERAL DA ESTÚPIDEZ


Nos tempos que correm em que a estupidez grassa pela sociedade e é uma característica comum a muitos que nos fazem a vida negra, é oportuno recordar um historiador internacionalmente conhecido que se dedicou à história económica: Carlo M Cipolla.
No seu livro “Allegro, ma non troppo”,  ele afirma, com algum humor, que todos os seres sofrem, ao longo da sua vida, de doses elevadas de adversidades, frustrações e penas, causadas por outros seres que com eles convivem. Esses seres não estão organizados em grupos, existem por aí e são simplesmente estúpidos. Foi a partir desta premissa que Cipolla definiu as Leis Fundamentais da Estupidez.
1ª Lei: “Sempre e inevitavelmente cada um de nós subavalia o número de indivíduos estúpidos em circulação”.
Segundo Cipolla a frase “os homens nascem livres e iguais em direitos” está errada, porque há seres estúpidos e outros que não o são, e distribuem-se, igualmente, por todas as classes sociais, por burgueses, proletários, ricos, pobres, ignorantes ou cultos e não há mais estúpidos em Portugal do que nos Estados Unidos. Igualmente a estupidez existe em igual proporção, tanto, por exemplo, nos contínuos da Universidade como nos professores catedráticos. Este pensamento permitiu a Cipolla elaborar a:
2ª Lei: “A probabilidade de que certa pessoa seja estúpida é independente de qualquer outra característica da mesma pessoa”.
Carlo Cipolla, conforme o comportamento humano divide as pessoas em quatro categorias:
1-O independente, aquele que, na relação com os outros, lhes oferece um ganho ao mesmo tempo que provoca uma perda para si próprio.
2-O bandido, aquele que provoca um ganho para si igual à perda que provoca nos outros.
3-O inteligente, aquele que obtém uma vantagem para si e igual vantagem para os outros.
4-O estúpido, aquele que causa danos aos outros e danos a si próprio.
Compreender os três primeiros não é difícil, mas entender os estúpidos é tarefa algo surreal e impossível. Daqui deriva a:
3ª Lei: "Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa dano a uma outra pessoa ou grupo de pessoas, sem em contrapartida realizar alguma vantagem para si própria, ou, inclusivamente, sofrendo uma perda”.
O estranho é que o imprudente, o bandido ou  o inteligente, não conseguem reconhecer o poder devastador da estupidez humana. O comportamento dos estúpidos torna imprevisível o desenrolar das acções com a consequente perca e sacrifício dos outros.
Assim, vejamos a:
4ª Lei: “As pessoas não estúpidas subavaliam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular os não estúpidos esquecem que em qualquer momento e lugar, e em qualquer circunstância, pactuar ou associar-se com indivíduos estúpidos acaba por significar um erro com custos elevadíssimos”.
A última Lei deriva desta:
5ª Lei: “O estúpido é a pessoa mais perigosa que existe”.
Sendo assim, o estúpido é mais perigoso que o bandido. O bandido obtém ganhos na exacta proporção das perdas que causa aos outros, e o estúpido não obtendo qualquer ganho ainda provoca perdas aos outros. Os estúpidos são portanto um enorme perigo para a civilização e se adquirirem preponderância na sociedade irão, a prazo, provocar a sua decadência.
O maior problema reside no poder político. Os estúpidos também sonham em alcandorar-se aos mais altos cargos das chefias políticas. Da primeira Lei deriva que, entre os nossos governantes, os parlamentares, os autarcas, os militares, os bispos, etc. existe a respectiva quota parte de estúpidos. Ocupando estes lugares, passam a ter uma capacidade infinitamente maior de influenciar, prejudicando todos os outros.
Chegando a esta conclusão Cipolla pergunta: “Como é que tanta gente estúpida consegue lugares de poder?”. Através de eleições, claro. Os estúpidos têm aí a oportunidade única de votando estupidamente, perpectuar o seu grupo no poder.
Tudo isto dá que pensar. É divertida a teoria? É, mas talvez não seja de todo errada.
(foto acima de Carlo Cipolla)

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