É loucura ir de Faro a Tavira para ver nascer o sol? Ou são loucos os de Tavira que, depois dos festejos do S. João, foram a casa por minutos e regressaram com o mesmo fim? Ou os que viram o espectáculo, feérico, do nascer do sol e a seguir foram trabalhar?
O António Aleixo retratou, do alto da sua sabedoria popular, o que é um louco-alegre. É o que nós fomos, loucos mas alegres:
Morrer vivendo p'ra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!
Encara, rindo, a vida que o tortura,
Sem ver na esmola, a falsa caridade,
Que bem no fundo é só vaidade pura,
Se acaso houver pureza na vaidade.
Já que não tenho, tal como preciso,
A felicidade que esse doido tem
De ver no purgatório um paraíso...
Direi, ao contemplar o seu sorriso,
Ai quem me dera ser doido também
P'ra suportar melhor quem tem juízo.
E foi lindo, esplendoroso, o nascer do sol, este ano sem nuvens que o incomodassem. E lá estava ele, à hora aprazada, 06H13, a espreitar no horizonte, piscando um olho, ainda semicerrado, aos loucos-alegres que curiosos espreitavam o seu despertar. E impante de vaidade, perante tanta curiosidade, lá se foi descobrindo, até à plenitude da sua dimensão brutal de luz. E nós na recta das Quatro Águas, insignificantes, reduzidos à mísera dimensão de comuns mortais, esmagados por tanta magnificência, restava-nos olhar, embasbacados, aquela demonstração de poderio, desdém e força.
Como diz o Aleixo, "ser doido-alegre, que maior ventura!"
Obrigado José Barradas por, pela 3ª vez, teres tido a coragem de nos convocar para tal espectáculo.
É nestas ocasiões que eu adorava ter alguma formação na área da fotografia, para poder espelhar a realidade que os olhos viam.
Ficam AQUI as fotos possíveis do aprendiz de fotógrafo.
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