sexta-feira, 5 de março de 2010

ANTECIPAÇÃO À MARCHA DE ALJEZUR

Lenda: A tomada do Castelo de Aljezur

D. Paio Peres Correa, conhecedor da situação privilegiada da velha fortaleza e da vigilância apertada que os moiros exerciam, mandou batedores no intuito da estudar as características do local e os hábitos das gentes, com vista à elaboração do seu plano de ataque.
Conseguiram “aliciar” uma moira de nome Maria Aires, de raro encanto, que lhes contou, como era costume e habito muito antigo e ainda observado, na madrugada do dia 24 de Junho os habitantes da região irem tomar banho à Praia da Amoreira. Tanto bastou para que D. Paio arquitectasse o seu plano de ataque, tirando proveito daquela tradição moirisca. Assim, na noite de 23 para 24 de Junho, as nossas tropas esconderam-se num vale próximo do castelo que hoje è conhecido pelo Vale de D. Sancho, em honra daquele nosso valoroso Monarca (D. Sancho II) e aguardaram que, com o amanhecer, os moiros iniciassem o seu ritual. As horas passavam lentas naquela longa espera que os nossos aproveitaram para se cobrirem com arbustos, e assim poderem, mais facilmente, desenvolver a aproximação final. Com o despontar da aurora começou o longo desfilar dos confiantes moiros, quem sabe se pelo mesmo caminho que ainda hoje lá existe pelo lado esquerdo do Rio, bordejando o vale, imenso e fértil, formado pelos aluviões da Ribeira de Aljezur.
Assim que tal lhes pareceu propício e ainda a coberto da semi-obscuridade, aquele punhado de valentes portugueses iniciaram a aproximação do castelo, àquela hora já deserto.
Eis senão, quando uma rapariguita, neta de uma velha que havia ficado, afinal, vigilante no castelo, apercebendo-se dos movimentos das nossas tropas, correu para a avô, alertando-a, na sua ingénua infantilidade, que as moitas estavam a andar, pois, como referido, os portugueses tinham tido a preocupação de se camuflarem com arbustos.
A anciã, sem descortinar no logro em que incorria, tentou dissuadir a neta, dizendo-lhe que tal facto se devia, por certo, à aragem que soprava.
De repente, porém, e em catadupas, irromperam os nossos, pelo portão da fortaleza, dominaram a velha que esboçou a pretensão de dar o alarme fazendo accionar um sino que estaria colocado na torre da cisterna, tomaram posições, apreenderam as armas e então, eles próprios, deram o alarme. Os moiros, céleres e atónitos, regressaram à povoação, sendo completamente aniquilados à medida a que iam entrando no recinto amuralhado. Aljezur era Portuguesa. À bela Maria Aires, como recompensa dos serviços prestados e parece que também pelos seus encantos que teriam favoravelmente impressionado a D. Paio, foi-lhe poupada a vida e para que não fosse molestada, construíram-lhe uma casa num local próximo de Aljezur a que ainda hoje, se chama, em sua memória, Mareares

F.E. Rodrigues Ferreira

Obs: Texto cedido pela Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur.

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