sexta-feira, 12 de junho de 2015

DENI VARGUES, O ANDARILHO DE BENAFIM

Por vezes interrogamo-nos sobre os motivos que levam as pessoas a realizar feitos que, à primeira vista, nos parecem absolutamente inúteis.  Em tempos, neste blog, a propósito de outro acontecimento, contámos a história do alpinista  George Mallory. Repetimo-la hoje por julgarmos que se adapta perfeitamente ao que pretendemos relatar. Um dia perguntaram a George Mallory, alpinista famoso do 1º quartel do Sec. XX, porque razão desejava tanto chegar ao topo da montanha mais alta do planeta, o Everest. Mallory respondeu simplesmente: “Porque ele está lá”, frase posteriormente repetida milhares de vezes por outros alpinistas que assim tentam justificar os seus actos de coragem dedicando-se a actividades que, para o comum dos mortais, parecem insensatas. George Mallory morreu em 1924, na sua tentativa de escalada do Everest, sendo o seu corpo, congelado, somente encontrado em 1999. Ainda hoje se desconhece se ele sucumbiu na subida ou na descida. A primeira conquista do Everest, devidamente documentada, só se realizou em Maio de 1953, pelo extraordinário Sir Edmund Hillary e pelo seu acompanhante o Sherpa nepalês Tensing Norgay.

As grandes performances atléticas têm todas um denominador comum: “porque existem” ou porque “estão lá”.
O desejo de superação, de conseguir o quase inatingível, levam alguns a abalançar-se em tarefas que parecem inúteis aos olhos dos acomodados velhos do Restelo. A humanidade tem progredido pela mão desses visionários, que não se preocupando com o seu bem estar momentâneo resolvem, com sacrifício, muito suor e, por vezes, sangue, atirar-se para a frente, não curando saber das dificuldades próximas mas sim da meta longínqua.
Salvo as devidas proporções atléticas, que não as mentais, meditemos no homem que resolve percorrer a pé, de mochila às costas, a distância que medeia entre Fátima e Santiago de Compostela, em 16 dias, 470 km solitários, loucos, sem qualquer finalidade imediata que não seja a superação física, a fé, ou inscrever o seu nome no restrito número dos conquistadores daquela distância, ou então, simplesmente, porque aquela distância existe e que Santiago de Compostela “está lá”.
Foi esse o empreendimento que o extraordinário Deni Vargues, atleta de eleição, simpatia para dar e vender, homem de quem é muito fácil gostar, realizou. Deni Vargues, o homem da corneta, já em Outubro tinha, na companhia de outro andarilho, o Marco Soares Pereira, vencido a distância entre Quarteira e Fátima. Agora, a solo, venceu a distância entre Fátima e Santiago de Compostela.
Estivemos, em espírito, ao seu lado, todos os dias. Acompanhámos o relato diário, via Facebook  e demos por nós a torcer por ele, a desejar que nada de mal lhe acontecesse, a ansiar o término vitorioso da enorme jornada. E, ontem, respirámos fundo quando soubemos de mais esta conquista. Foi um esforço inútil e insensato? Não, não foi, porque o exemplo deste homem constitui um apelo ao exercício físico como forma de melhoria da saúde e um enorme grito de alerta contra o sedentarismo. PARABÉNS grande DENI.

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