sábado, 23 de março de 2019

CORRIDAS À 6ª FEIRA - SANTUÁRIO DA MÃE SOBERANA - 22-03-2019

O Corridas é um grupo diferente. O Corridas frequenta os mais diversos lugares, turísticos, serranos, citadinos, pagãos e agora religiosos. O Corridas a tudo se permite e esta noite foi visitar o Santuário da Nossa Senhora da Piedade, vulgo Mãe Soberana. 
Esta visita inesperada, permite-nos também uma visão original, desapaixonada, mas respeitosa, sobre o local de onde partimos e onde chegámos, cenário de festividades religiosas muito antigas. Um local sagrado para os crentes, onde decorre anualmente a maior manifestação religiosa a sul de Fátima. 
A ermida sobranceira à cidade de Loulé foi construída em 1553. Apesar da antiguidade, a Ermida ainda lá está, agora acompanhada por um enorme templo de linhas modernas, qual farol vigilante sobre a cidade.
O período da Páscoa coincide com as festividades religiosas dedicadas à santa e cujo expoente máximo se atinge com o regresso da imagem ao seu local de origem, o Santuário. Nesse dia vem gente de todo o Algarve, espalhando-se pela cidade, pela estrada de acesso, pela irregular calçada, ao lado do cruzeiro na apertada e difícil curva, antes da estreita passagem onde mal cabe o andor, o esforço dos Homens da Andor, ladeados por auxiliares que empurram quem se atravessa no caminho, os gritos da populaça invocando a Mãe Soberana, os vivas aos transportadores, que em passo acelerado, marcado pelos tambores da banda de música, chegam lá ao cimo, esfalfados. É uma manifestação simultaneamente religiosa e com o seu quê de físico, de prova desportiva, onde o principal motivo, para muitos, não é a cerimónia religiosa, a devoção à Virgem, mas sim admirar a performance atlética dos Homens do Andor, glorificados no final, no percurso de regresso à cidade recebidos como os heróis vencedores de uma invulgar batalha contra o tempo e contra a dificuldade da subida. A imagem da santa fica esquecida, ensombrada pelos Homens do Andor, esses sim recordados e aplaudidos no desfile final e todos regressam a suas casas, regressando nos anos seguintes, novamente para verem uma e outra vez, sempre o mesmo e esquecendo, nos restantes dias do ano, a existência daquela que para alguns é a sua santa protectora. Fica a recordação e a manutenção de uma tradição secular. Fica a eterna duvida sobre a estatística correcta da existência de crentes no Algarve tão grande é a participação nesta festa. 
O Corridas homenageou, hoje, antes da Festa Grande, a manifestação religiosa que se avizinha. O Corridas desceu o monte mas também o subiu. Não foram Homens do Andor, foram 220 homens e mulheres de outros andores ou de outros andares. Não foram glorificados depois, mas merecem a admiração de todos os que apreciam estas corridas nocturnas. 
A ideia foi boa, a época da realização também. A paisagem lá do alto é linda, o local da concentração não deixa ninguém indiferente, o percurso delineado pelo Ilídio, foi original e inesperado evitando a tradicional calçada, a jornada desta sexta feira não foi santa, foi linda.
Um menção especial à Paula Nascimento por se ter voluntariado para ajudar o Ilídio nas marcações. 
E vivam os Homens do Corridas. E vivam as Mulheres do Corridas.
Fotos AQUI.

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