domingo, 17 de dezembro de 2017

MARCHA DO PAI NATAL - ALBUFEIRA - 17-12-2017

Foi a já tradicional marcha do Pai Natal. Com um tempo excelente, um céu e um mar pejados de maravilhoso azul, um sol brilhante refletindo o vermelhão das camisolas e barretes de Pai Natal oferecidos pela organização (Câmara Municipal de Albufeira) justificaram plenamente o cognome porque é conhecida a cidade de Albufeira, "Vila Branca em Mar Azul" imortalizada no poema de Ramiro Guedes de Campos. Fica aqui um pequeno excerto:
Só a vila lá no alto, a vila branca
Branca do sal do mar amargo
Tem outra sede que não se estanca
Nem com a azul do céu, nem com o azul do largo
A  marcha foi um passeio citadino em que cada esquina nos reservava novas vistas, ora sobre os prédios altos de apartamentos turísticos de rés do chão plenos de lojas, restaurantes e bares, ora se vislumbrava, ao longe uma nesga de azul do mar, ora, e aí sim, finalmente, se nos deparou no designado Pau da Bandeira, a vista deslumbrante do branco da agora cidade, o amarelo das praias do Peneco e Pescadores, o azul sem fim do mar e o presépio do casario branco agarrado àquela encosta ameaçando um mergulho no mar, ali tão perto. Do Pau da Bandeira se vê o pouco que ainda resta da antiga aldeia de Pescadores, que fez as delícias dos primeiros turistas ingleses descobridores, nos anos sessenta, de uma maravilha escondida dos circuitos chamativos das agências de viagem. Hoje Albufeira é uma amálgama, qual Babel, de linguajares estranhos, uma anarquia de construção, uma enorme inflação de hotéis, bares e discotecas, onde se digladiam, no esgotado Verão, alguns energúmenos a abarrotar de álcool, onde as tertúlias antigas que juntavam os jovens, os amigos e se debatiam ideias, já não existem. O café da Julia, o Bailote, as tascas da zona do mercado do peixe onde cantava Cliff Richard, deram lugar aos bares com nomes esquisitos, às discotecas, aos restaurantes de cozinha internacional, de sushi, pizza e hamburgueres. O capital e o lucro dominam e as tradições antigas diluídas nestes modernismos foram "chutadas" para o interior do concelho, em Paderne e arredores, já que a Guia e Olhos de Água também foram contaminadas pelo sinal dos tempos.
Mas nós ainda gostamos de ir a Albufeira e é nestas marchas que encontramos os nativos da cidade, gente boa, simples e ainda não influenciada pelos defeitos que nos chegam da "estranja", unidos no amor à sua terra, o João, a Adélia, a Tereza, a Celita, a Paula, a Mina, o Helder, a Ilda e muitos, muitos mais que fazem as delícias e preservam ainda os "cheiros" do passado. Abençoados sejam.
Presentes autocarros de Alcoutim, Aljezur, Faro, Lagoa, Loulé (2), Monchique e Olhão.
Fotos AQUI.

1 comentário: