quarta-feira, 16 de outubro de 2019

PEGADAS À 4ª FEIRA - AMBULAT NOBISCUM - 16-10-2019

Nos nossos tempos de liceu o latim era, como língua madrinha do português, do espanhol, do francês, do italiano e do romeno (e também de outros idiomas como o mirandês, o galego, o catalão e outros), objecto de estudo e as suas famigeradas declinações provocavam engulhos e alguns amargos de boca, tal a sua complexidade. Ainda recordamos e é só isso que recordamos, tudo o resto foi esquecido no decorrer dos tempos, a seguinte declinação que só ainda existe nos escaninhos da nossa memória porque a palavra rosa nos suaviza o linguajar e nos acalma a pituitária: rosas, rosae, rosis, rosarum, rosas. O latim tem cinco declinações, cinco incompreensíveis formas de expressão, mas é através delas que se define o que se quer dizer. Pesquisámos pela net e achámos este exemplo muito engraçado e que retrata a utilidade das declinações que definem, quer se utilize uma ou outra, o sentido das orações. Vejamos a seguinte frase: "Philosophum non facit barba" que o leigo, ignorante das tais declinações, poderia traduzir como "o filósofo não faz a barba". Mas a tradução correcta é "a barba não faz o filósofo". Complicado? Claro, daí a espécie de ódio que devotávamos ao latim. Felizmente que as línguas latinas simplificaram isto e as frases, hoje, ordenam-se por sujeito, predicado e complemento directo, tornando mais lógica a estrutura da frase, sem recurso à alteração da palavra (declinação). Assim se fizeram, ao longo dos séculos, os acordos ortográficos, impostos ou aceites até aos dias de hoje. O de 1990, o último, como com outros antigamente, ainda é contestado, mas está definitivamente aceite e assim será sempre pelos séculos futuros. Não escrevemos Theresa, ou Pharmácia, mas já se aceita o Bué. O português é uma língua viva e ainda bem.
Vem tudo isto a propósito do que o sádico António Santos nos trás ao consciente, aquilo que já estava arquivado no subconsciente, a batalha latinista da nossa juventude, batalha essa nunca vencida e muito odiada. Esta coisa do "ambulat nobiscum" deixou-nos perplexos e lá fomos nós, curiosos, investigar e parece-nos ser esta a tradução correcta e a intenção do nosso amigo António Sádico Santos: ambulat significa "anda" e nobiscum significa "com". O malandreco quis, certamente, transmitir a mensagem "anda connosco" ou "venham connosco" aos que não andam nem connosco nem com alguém e então tudo passou a fazer sentido. Venham marchar e correr connosco. Façam exercício físico. Bem metida, sim senhor. Parabéns António pela mensagem, pelo apelo subliminar. 
O Faro Pegadas à 4ª Feira, à semelhança do Benfica e o seu "E Pluribus Unum" podia colocar por baixo do seu logotipo essas palavras. Ficaria Faro Pegadas à 4ª Feira e por baixo, ou nas costas, "Ambulat Nobiscum". Que tal? Bonito, misterioso, mas verdadeiro e incentivador.
Hoje os 173 corredores/marchantes, com partida do Fórum Algarve, foram até à Malvada, passaram na Moto Malta, Biogal, Passeio Ribeirinho e regresso ao local de partida. Uma noite mais fresquinha, própria do advento do inverno que chega de mansinho, sem exageros como é apanágio do melhor local do mundo para viver, proporcionou uma marcha bem agradável. 
As fotos estão no local habitual, AQUI.

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