quarta-feira, 28 de novembro de 2018

FARO, PEGADAS À 4ª FEIRA - 28-11-2018


Qualquer caminho leva a toda a parte.
Qualquer ponto é o centro do infinito.
E por isso, qualquer que seja a arte
De ir ou ficar, do nosso corpo ou espírito,
Tudo é estático e morto. Só a ilusão
Tem passado e futuro, e nela erramos.
Não há estrada senão na sensação
É só através de nós que caminhamos.
(Fernando Pessoa)

Mais uma invenção do António Santos. Uma invenção sem produto final. O caminho estava lá. Faltava só passar por ali. Só?
Depois de Cristovão Colombo ter descoberto a América alguns questionaram-no se não achava que outro qualquer poderia ter realizado tal feito. Colombo, sem se aborrecer com a desfaçatez e inveja do questionador, pega num ovo e pede que algum dos presentes o ponha de pé. Todos tentaram e desistiram, dizendo que tal era impossível. Então Colombo bate com a extremidade do ovo na mesa, provocando-lhe uma pequena amolgadela, o que lhe permitiu colocar o ovo de pé. "Isso também nós fazíamos", respondem os invejosos. "E porque não o fizestes" respondeu Colombo.
Pois é, o caminho estava lá, com pequenas subidas e traiçoeiras poças de água, mas foi o António que o descobriu. 
O Fernando Pessoa nos versos acima fala em caminhos que levam a toda a parte, em ilusão e caminhos imaginários. Não se referia ao Pegadas certamente. Aqui não há ilusões, os caminhos têm destinos marcados. Fernando Pessoa terá razão quando diz que qualquer ponto é o centro do infinito. O Pegadas é também um centro do infinito. Onde quer que nos reunamos, estamos no centro do nosso universo e vivemos a nossa ilusão muito própria, a ilusão de quem gosta de correr e caminhar sem a preocupação que a lei da morte nos liberte. Quando o esquecimento chegar, o caminho levar-nos-á a toda a parte, em espírito, sem estrada nem caminho, com a recordação de uma vida bem vivida na companhia de tantos de que fazem parte os Pegadas, esses sim com passado e com futuro, sem ilusão.
No final desta corrida ouvimos opiniões muito favoráveis pela escolha de hoje. Tinha de tudo, até umas piscinas engraçadas para dar de beber às sapatilhas.
As fotos estão AQUI.

1 comentário:

  1. O texto em forma de poesia, que penetra nos corações dos "moços" e das "moças", apaixonadas pelas caminhadas e corridas que o "Pegadas" realiza, é uma consequência infinita de como podemos utilizar o ideal e a paixão em prol do que gostamos e damos aos outros.
    Bem haja meu caro amigo Jorge Lopes.

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