segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ A FALAR?

Você sabe com quem está a falar? 
Esta é uma frase que muitos de nós já ouvimos de alguns seres pseudo superiores que se julgam acima do comum dos seus semelhantes. É uma frase para medíocres utilizarem nas suas vidas pequeninas tentando, por falta de razão ou dimensão ética, superiorizar-se aos outros. 
A pergunta indicia uma ameaça. Cuidado como me falas, porque eu sou importante. Cuidado, porque do alto da minha importância, posso prejudicar-te. Eu sou um ser superior que posso influenciar a tua miserável e paupérrima vidinha. 
Estes seres pseudo superiores não admitem contestação, não aceitam opiniões contrárias às suas. Eles são mais inteligentes que os seus pares, eles ocupam cargos influenciadores que lhes foram ofertados por alguém igual a eles e que bajularam para os conseguir. Aceitaram uma subserviência que depois aplicam aos seus subordinados. São, em suma, seres de pequena dimensão, que se impõem pelo cargo que ocupam, que não pela capacidade para o ocupar. É a diferença entre um líder e um chefe.

O brasileiro Mário Sergio Cortella, filósofo e professor universitário, no seu livro "Qual é a tua obra?" tem esta singular passagem: "Você é um entre 6,4 bilhões de indivíduos, pertencente a uma única espécie, entre outras 3 milhões de espécies classificadas, que vive num planetinha, que gira em trono de uma estrelinha, que é uma entre 100 bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos universos possíveis e que vai desaparecer.

É por isso que todas as vezes na vida que alguém me pergunta: “Você sabe com quem está falando”, eu respondo: “Você tem tempo?”

Encontramos ao longo das nossas vidas gentinha deste jaez que se julgam maiores que o tempo, maiores que o infindável universo. Quando, educadamente, manifestamos opinião que belisca as suas pretensões, que foge ao seu estereótipo, respingam, insultam, provocam, ameaçam. Apetece responder a esta classe de cretinos que se vão catar, que não lhes reconhecemos autoridade para nos ameaçar, que cuidem das suas quintinhas, que se limitem a chatear os seus pobres subordinados e que depois de mortos irão ocupar a campa ao lado daqueles que insultaram e que o seu excelso corpinho irá cheirar tão mal como os dos outros, os tais da classe inferior. 
Você sabe com quem está a falar?
Não sei nem quero saber. 
Nota necessária para evitar especulações: "não nos referimos a nenhum dos nossos amigos, nem a nenhum dos nossos marchantes". 

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